Quase perto demais

Poderia ser uma história de um livro do Miguel Sousa Tavares ou de um qualquer safari no kénia ou Tanzânia, mas esta é de Angola. Num recente passeio ao parque nacional da Quissama o pequeno safari foi mais animado do que o habitual. Partimos para o safari dentro do parque por volta das 6h30m da manhã, queríamos apanhar os animais a acordar e a beber água. Uma hora e meia passada e depois de termos observado uma impressionante colecção de pequenas águias, já estávamos satisfeitos e pedíamos o regresso ao pequeno-almoço. O calor começava a aparecer e alguns de nós subimos para cima da parte aberta da pick-up em que nos deslocávamos. De repente ao nosso lado, a não mais de 25, 30 metros, vemos um belo elefante africano. A emoção, em particular dos marinheiros de primeira viagem, foi grande tendo feito algum barulho e muito movimento em cima da pick-up. O malandro do elefante, como o denominou posteriormente o nosso guia, apreciou a nossa alegria e quis também contribuir para a festa. Começou primeiro por abanar as orelhas, depois agarrou num pedaço de terra amarela e coloriu a cabeça, depois veio a animação, o grito de guerra e uma carga em direcção à pick-up. Do nosso lado só se ouve “Vamos, vamos,…” e foi prego a fundo para escapar à corrida do animal. Este depois de 15 segundo de corrida desistiu e ficou entre nós e o segundo veículo do grupo. Voltou-se então para trás e fez também uma pequena corrida à qual os nossos colegas tiveram de fugir de marcha-atrás.
Recuperado ritmo cardíaco e reagrupado o grupo vem a parte de perceber como é que cada um viu o incidente. Os comentários vão desde “…foi o maior susto da minha vida…” até “… não estava assustado, se ele chegasse à pick-up saltava e fugia…”. Para mim foi um momento fantástico que adorei ter vivido. São estes os momentos que valem mais do que anos de vida.

Cheirinho a safari

O Parque Nacional da Quissama fica a 75 kilómetros de Luanda, entre o Oceano Atlântico, o rio Cuanza e o rio Longa e ocupa 9.600 Km². Visitei o parque há algumas semanas com um conjunto de colegas. Como bons aspirantes a aventureiros no safari chegámos ao parque na véspera, dormimos nos bungalows e ao raiar do sol estávamos prontos para sair em busca dos animais. Para quem, como eu, só fez safari a acampar no meio da selva, as instalações do parque são boas. Contudo, para quem está habituado a 4 estrelas, passa a noite com um olho aberto à espera que apareça uma osga ou algo mais animado.
O safari em si é curto, 3 horas de passeio no meio do parque é pouco para que possa apreciar verdadeiramente a natureza. Nós fizemos a visita ao parque nos veículos que tínhamos levado porque já não havia vaga no veículo do parque á hora que pretendíamos. Contudo recomendo a quem visitar que utilize o veículo do parque A altura do “Unimog” faz uma grande diferença em termos de alcance da visão. O passeio valeu a pena, mesmo descontado o episódio “Quase perto demais”, vimos entre outros elande, gnus, cervos, zebras, avestruz, crocodilos e um grande número de aves. Para três horas de passeio selvagem já dá para sentir o cheirinho a safari e aguçar o apetite para mais.

Quitandeiras

Quitandeiras são as vendedoras de ambulantes que andam pela rua, vendem fruta, peixe ou tecidos. Na cidade é mais frequente encontrá-las a vender fruta, na praia vemo-las a vender tecidos com os típicos padrões coloridos. Moças jovens ou senhoras já com alguma idade, circulam em grupo e, aparentemente, impera um espírito cooperativo entre elas. Normalmente duas ou três assumem a interacção com o cliente enquanto as restantes assim de próximo mas com uma atitude mais passiva. Na cidade são mais incisivas no discurso e no jogo do desconto “só para o doutor”. Na praia, talvez por maior dificuldade em se fazer entender, e claro, porque o cliente também não tem pressa, a atitude é mais calma, procurando vencer a resistência pela persistência da quitandeira, com um sorriso malandro e um piropo ou só pelo cansaço do cliente.

Angola Campeã

Angola é pela nona vez campeã africana de basquetebol. Parabéns à selecção e aos Angolanos. A noite de sábado foi de verdadeira festa em Luanda, fogo de artifício, buzinas, cânticos, música, dança, tudo serviu para comemorar mais esta vitória. Eu naturalmente juntei-me à festa e acabei a noite na discoteca onde estava parte da selecção Angolana a comemorar. Aqui ficam fotos do fogo de artifício e dos jogadores a comemorar na noite.

A emoção do desporto

O deporto competitivo é sempre gerador de grandes paixões, em Angola teria necessariamente de o ser também. E com um povo tão caloroso e fervoroso na expressão das suas emoções era de esperar que fosse um espectáculo interessante. Aproveitando o Afrobasket, grande evento desportivo que Angola está a organizar, tive a oportunidade de fazer parte do espectáculo que é um jogo de basquetebol com a selecção nacional em jogo. O som que é produzido por todo o tipo objectos é ensurdecedor e contagia pela alegria que se transmite em cada jogada, quer a bola entre, quer não. Se juntarmos a isto a dança, os sorrisos e cores forte que estão sempre presentes temos um espectáculo fantástico e memorável. O jogo, entre Angola e República Centro Africana, foi preenchido. Nervosismo quando a RCA empatou o jogo, reclamação quando o marcador assinala pontos a mais para a RCA, confusão quando o relógio do marcador electrónico pára e, é claro, a emoção da vitória final de Angola. Vai a caminho de mais um título de campeão africano de basquetebol e o povo está feliz.

Os putos

A vender fruta, colares ou simplesmente a passear são eles que, no meio de uma praia cheia estrangeiros e com todas comodidades, nos lembram que estamos em África e que a pobreza mora à nossa volta. Sorriso malandro, uma tirada esperta para vender ou pedir dinheiro, a persistência própria dos resistentes e o olhar decidido de quem já quer ser um homem mas ainda é um menino. São eles, os putos, que com o seu encanto nos fazem ser solidários e ter mais vontade de contribuir para o desenvolvimento deste fantástico continente.

50 Kwanzas

50 Kwnazas (0,5 €) é o preço para engraxar os sapatos em Luanda. Em qualquer momento se encontra com a maior das facilidades um jovem ou uma criança pronta para nos engraxar os sapatos. Normalmente são eles que vêm simpaticamente ter connosco a perguntar se queremos ficar com os sapatos a brilhar. O pó e a lama são elementos sempre presentes em qualquer percurso a pé. Se juntarmos a isso o cuidado que as pessoas que trabalham na área dos serviços têm com a apresentação, é fácil de entender o sucesso do negócio.

Street racing

Fazer street racing é uma actividade relativamente comum na bela Av. 4 de Fevereiro ou como é mais conhecida a Av. marginal de Luanda. São raras as noites em que não em que não se ouve o potente ronco dos motores em plena aceleração marginal fora. Também comuns são os acidentes, o excesso de velocidade, a ausência de semáforos nos cruzamentos ou a desobediência aos mesmos, nos casos em que existem, estão na origem de muitos desses acidentes. Ora menos comum é vermos um camião de transporte de combustível envolvido nestas aventuras. Pois uma destas noites ao chegar a casa após o jantar deparei com um camião virado no cruzamento à porta de casa. Aparentemente nada de grave aconteceu, não embateu noutros veículos, não derramou combustível ou explodiu. Apenas mais uma das muitas histórias que a avenida marginal terá para contar.

A anfitriã

Faltava fazer as honras à tartaruga que é a anfitriã da casa no 13º andar. Ela é a residente mais antiga e a única que não vai a Portugal ver a família e renovar o visto. Discreta, às vezes passam-se semanas sem lhe por a vista em cima, domina o seu espaço no canto da varanda. Durante o fim-de-semana teve direito a sessão de fotos com o pôr-do-sol.

NIght in Luanda - Spots Internacionais

Música, bebida e muita animação são os normalmente os ingredientes de uma noite em Luanda. Os espaços ao ar livre são os mais agradáveis e tipicamente são os frequentados pelos estrangeiros. No topo da lista está, para mim, o Bay-in. É o sítio de referência, varanda ao ar livre com vista sobre a baia, bem frequentado, peca na qualidade técnica do DJ. Entre as outras opções de qualidade estão o Palos, discoteca com uma boa mistura entre música africana e internacional, e o Chill-out, o espaço é o mais agradável de Luanda, mas o ambiente deixa um pouco a desejar. Mais tarde falarei sobre os principados da Quizomba, ainda tenho de desenvolver um pouco mais de pesquisa. Mas no final, a animação é que conta, e essa não tem faltado em nenhum dos sítios. Ficam algumas fotos do último fim-de-semana.

Safaris Indoor

Em Luanda poderia desenvolver-se facilmente o conceito de safaris indoor. A multiplicidade de espécies que é possível encontrar dentro dos edifícios é tal que poderia virar um desporto. Para quem apreciar o contacto com a natureza encontrar alguns deste animais dentro de casa ou no local de trabalho até pode ser divertido, para os outros é também, uma experiência “interessante”. Aqui ficam alguns dos exemplares mais populares.

Carvoada de Gambas

Especialidade do restaurante Caribe, uma das referências da ilha, é um conceito semelhante ao bife na pedra utilizado em Portugal. Dão-nos a comida crua e os utensílios para cozinhar e somos nós que confeccionamos a refeição à mesa. Neste caso vem um assador com brasas no interior e uma grelha por cima onde colocamos as gambas a grelhar. Dá trabalho, faz um calor enorme e ficamos a cheirar a fumo. Mas é engraçado e saboroso. Tanto que não nos importamos de pagar 40 dólares (só pelo prato) para fazer a nossa própria comida.

Sunset colection at Cabo Ledo

A minha colecção de fotografias do pôr-do-sol em Angola conta com mais de 150 fotografias. É fácil de perceber o fascínio que este momento do dia exerce sobre mim.
Em África em particular gera sempre imagens fabulosas. Aqui ficam alguns exemplos de um pôr-do-sol na praia de Cabo Ledo.

Respirar o mundo

A marina da cidade da Horta é indiscutivelmente um lugar singular. Não sendo particularmente grande ou bela está carregada de histórias fantásticas. Aqui param quase todos os que se aventuram a atravessar o Atlântico em veleiros. Estes trazem consigo uma forma própria de ser e de estar, assim como, experiências de vida fascinantes. Muitos deixam a sua marca nas paredes ou no chão da marina. Existem milhares de pinturas feitas por aventureiros de todas as partes do globo, ficam aqui apenas alguns exemplos. Neste local, isolado e pacato, respira-se e convive-se com o mundo de forma muito mais rica do que na maioria das grandes cidades.

O Pico da beleza

A vista para o Pico domina a paisagem numa grande parte da ilha. Ao mesmo tempo tão grande pela forma como estás sempre presente e tão pequeno, do faial é difícil imaginar que aquele é o ponto mais alto de Portugal. As paisagens que cria, sozinho, ou em conjugação com o próprio faial são fantásticas. Para mim é particularmente impressionante a vista à noite, em que apenas se vê na escuridão aquele imenso recorte com contornos geométricos.

Cetáceos nos Açores

A recente visita a Portugal teve uma passagem pelos Açores, mais precisamente pela Ilha do Faial. O objectivo principal foi tirar o curso de mergulho, mas como sempre, da terra e das gentes e que se tiram as principais riquezas. As viagens para observar os cetáceos (baleias e golfinhos) são umas das principais atracções locais. É como fazer um safari no mar, só que aqui os animais, movem-se mais rápido, estão muito tempo debaixo de água e o terreno é mais irregular. Tão irregular é o terreno que na primeira viagem passei grande parte do tempo “virar barco” graças a um ligeiro enjoo. Graças à simpatia do Tiago e da Joana (os meus instrutores de mergulho - http://www.diveazores.net/) tive direito a uma segunda tentativa, esta bem mais agradável. Ficam aqui os melhores exemplos da minha da minha caçada fotográfica.

D Day

Sol, praia, comida, bebida, música, karaoke e artistas convidados. Eis os ingredientes para uma festa de empresa de sucesso. O dia da Deloitte em Angola foi um bom exemplo de alegria grande descontracção junto dos colegas. Para quem está longe do seu país e do seu mundo social é fundamental que os colegas sejam também os companheiros de farra e os amigos. Foi um dia bom.

Vivam as instituições!!!

Para a maioria de nós ser multado pela polícia de trânsito é algo desagradável e capaz de estragar o dia. Em Angola, pelo contrário, pode, em certas situações, ser a salvação do fim-de-semana!!! Olhemos para a seguinte situação. O título de registo de propriedade provisório de um dos veículos que nos transportaria até Malange caducou no dia antes da viagem. Ninguém se apercebeu a tempo de pedir a sua renovação e foi necessário encontrar uma solução alternativa. A solução proposta foi oferecer uma “gasosa” a um polícia de trânsito para multar o condutor do veículo e mencionar a apreensão do documento em falta por a coima não ter sido paga de imediato. A multa substituiria o documento possibilitando a circulação dentro da lei. A reacção à proposta foi de espanto generalizado. Espanto esse, que foi aumentando à medida que várias pessoas confirmavam a viabilidade do esquema. No final, e com recurso às instituições “gasosa” e “multa com apreensão de documentos” viajámos dentro do estrito cumprimento da lei. Vivam as instituições!!!

A excelência das paisagens

Um dos encantos de viajar em Angola é a diversidade e a riqueza das paisagens. No mesmo dia passámos por uma floresta tropical, por uma extensa planície de savana e por um conjunto montanhoso. Há muito para ver neste país.

As pedras negras de Pungo Andongo

No meio da savana africana qualquer formação rochosa se destaca com alguma facilidade. Mas as pedras negras de Pungo Andongo vão muito para além de uma formação rochosa. São magníficas pela dimensão colossal, pelas formas que assumem, pelo eco que provocam e pela paisagem que desenham. Pungo Andongo é o nome da pequena aldeia que fica no meio destas montanhas. Tem uma construção estilo colonial e está bem conservada, aqui parece que o tempo parou. É um sitio que transmite uma serenidade imensa.