05/10/2007

Quase perto demais


Poderia ser uma história de um livro do Miguel Sousa Tavares ou de um qualquer safari no kénia ou Tanzânia, mas esta é de Angola. Num recente passeio ao parque nacional da Quissama o pequeno safari foi mais animado do que o habitual. Partimos para o safari dentro do parque por volta das 6h30m da manhã, queríamos apanhar os animais a acordar e a beber água. Uma hora e meia passada e depois de termos observado uma impressionante colecção de pequenas águias, já estávamos satisfeitos e pedíamos o regresso ao pequeno-almoço. O calor começava a aparecer e alguns de nós subimos para cima da parte aberta da pick-up em que nos deslocávamos. De repente ao nosso lado, a não mais de 25, 30 metros, vemos um belo elefante africano. A emoção, em particular dos marinheiros de primeira viagem, foi grande tendo feito algum barulho e muito movimento em cima da pick-up. O malandro do elefante, como o denominou posteriormente o nosso guia, apreciou a nossa alegria e quis também contribuir para a festa. Começou primeiro por abanar as orelhas, depois agarrou num pedaço de terra amarela e coloriu a cabeça, depois veio a animação, o grito de guerra e uma carga em direcção à pick-up. Do nosso lado só se ouve “Vamos, vamos,…” e foi prego a fundo para escapar à corrida do animal. Este depois de 15 segundo de corrida desistiu e ficou entre nós e o segundo veículo do grupo. Voltou-se então para trás e fez também uma pequena corrida à qual os nossos colegas tiveram de fugir de marcha-atrás.
Recuperado ritmo cardíaco e reagrupado o grupo vem a parte de perceber como é que cada um viu o incidente. Os comentários vão desde “…foi o maior susto da minha vida…” até “… não estava assustado, se ele chegasse à pick-up saltava e fugia…”. Para mim foi um momento fantástico que adorei ter vivido. São estes os momentos que valem mais do que anos de vida.

Cheirinho a safari






O Parque Nacional da Quissama fica a 75 kilómetros de Luanda, entre o Oceano Atlântico, o rio Cuanza e o rio Longa e ocupa 9.600 Km². Visitei o parque há algumas semanas com um conjunto de colegas. Como bons aspirantes a aventureiros no safari chegámos ao parque na véspera, dormimos nos bungalows e ao raiar do sol estávamos prontos para sair em busca dos animais. Para quem, como eu, só fez safari a acampar no meio da selva, as instalações do parque são boas. Contudo, para quem está habituado a 4 estrelas, passa a noite com um olho aberto à espera que apareça uma osga ou algo mais animado.
O safari em si é curto, 3 horas de passeio no meio do parque é pouco para que possa apreciar verdadeiramente a natureza. Nós fizemos a visita ao parque nos veículos que tínhamos levado porque já não havia vaga no veículo do parque á hora que pretendíamos. Contudo recomendo a quem visitar que utilize o veículo do parque A altura do “Unimog” faz uma grande diferença em termos de alcance da visão. O passeio valeu a pena, mesmo descontado o episódio “Quase perto demais”, vimos entre outros elande, gnus, cervos, zebras, avestruz, crocodilos e um grande número de aves. Para três horas de passeio selvagem já dá para sentir o cheirinho a safari e aguçar o apetite para mais.